30 de setembro de 2016

"Forças Armadas têm de ser qualificadas em tempo de paz"

"A defesa como é óbvio não são só as Forças Armadas, mas a defesa nacional é muito as Forças Armadas. É termos noção, antes de termos a tentação de reduzir as Forças Armadas à guerra, que essas Forças Armadas ou são qualificadas em tempo de paz ou quando precisamos delas podemos ter amargos de boca muito significativos", disse o ministro da Defesa Nacional.

José Azeredo Lopes, que falava no primeiro almoço/debate "Conversas na Bolsa", organizado pela Associação Comercial do Porto, nunca se referiu directamente a polémicas e debates recentes sobre os investimentos na área da Defesa, mas pediu que "não se confundam" as Forças Armadas "com guerras nem com aquela visão provinciana dos tirinhos".

"São muito mais do que isso. São centros de excelência e de capacitação tecnológica", referiu já na fase de debate, quando no período reservado à sua intervenção apontou que "no sentido clássico Portugal não está em guerra mas está envolvido em conflitos armados".

Azeredo Lopes também focou o seu discurso na ideia de que "hoje a indústria de defesa é uma oportunidade".

"Não sou vendedor da banha da cobra e não tenho nenhuma participação mas acredito que a criação de valor hoje indiscutivelmente passa pela indústria de defesa por aquilo que se chama a indústria de duplo uso", referiu.

O governante recordou que a União Europeia (UE) está a dar passos no âmbito do Plano Europeu de Defesa, garantindo que existem "processos na UE que vão ser cruciais para a criação de uma indústria europeia de defesa".

"Estamos a falar de um mercado que é muitíssimo importante e Portugal tem uma palavra a dizer. A última coisa que Portugal pode fazer é ficar sentado à espera para ver o que os grandes fazem e depois ir atrás. É intenção deste Ministério falar com outros pequeninos e médios (...). Nós não somos a Liga dos últimos. Podemos juntar vontades", afirmou o governante.

Azeredo Lopes, lembrando que Portugal não estando envolvido na indústria da defesa letal, pode estar envolvido "com enorme qualidade" em muitos sectores da indústria não letal.

"E não é só a indústria do parafuso para o avião. Mas pela inovação e pela capacitação, penso que podemos fazer muito como país e neste Porto e neste Norte que sabendo vão poder aproveitar estas oportunidades", acrescentou.

Por fim, Azeredo Lopes realçou o investimento de "24/25 milhões de euros" da NATO na Escola de Comunicações e Sistemas de Informação que vai nascer em Oeiras, apontando ter como meta "abrir" o espaço à UE para "permitir uma internacionalização e uma integração de duas organizações que hoje falam tranquilamente numa relação quer de apoio, quer de complementaridade".

Quanto à base das Lajes, na ilha Terceira, Açores, considerou ser desnecessário continuar a lamentar o desinvestimento já anunciado pelos EUA e revelou ter "um sonho".

"Não estou a criticar os EUA. Eles não têm de voltar. Nós temos é de ter inteligência de propor à parte norte-americana que são um crucial aliado português algo que lhes possa interessar. O Governo está a trabalhar na criação de um Centro Aeroespacial e com avanços muito significativos e fascinantes do ponto de vista do desenvolvimento", disse.

"Tenho o sonho de poder ver um Centro de Segurança Atlântica [na base das Lajes]. Mas um Centro de Segurança Atlântica que não olhe só para a direita, ou seja para o Golfo da Guiné, mas que tenha a capacidade de olhar também para cima naquela lógica que é apresentada pela organização do Tratado do Atlântico Norte: a NATO a 350 graus", acrescentou. (NM)

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