8 de novembro de 2015

Ministério Defesa Nacional admite usar drones na fiscalização costeira

O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, admite a utilização de drones ou navios tecnologicamente mais avançados para a fiscalização da costa portuguesa, dentro das possibilidades do orçamento para a Defesa Nacional.

“Na reforma 2020, criámos várias condições para que, no âmbito da Lei da Programação Militar, possa haver um reequipamento com o equilíbrio possível nas contas públicas”, disse o ministro, questionado pelos jornalistas no exercício militar Trident Juncture da NATO, onde Portugal é um dos anfitriões e que decorreu ontem em Tróia. “Será possível ter melhores competências e há a possibilidade, ao longo dos próximos 12 anos, de ter esses equipamentos, nomeadamente para a Marinha”, acrescentou.

A ideia será implementada em Itália, com a utilização de cinco drones da norte-americana Global Hawk para reforçar a vigilância da NATO no Mediterrâneo, como fez saber o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stolenberg, e a iniciativa pode chegar a Portugal. O Mediterrâneo necessita de uma vigilância reforçada, devido à proximidade com o norte de África e próximo Oriente, regiões de conflitos e convulsões, sobretudo após a Primavera Árabe, argumenta a NATO.

“A NATO tem de ser capaz de responder aos desafios e de se adaptar além da presença militar”, disse o secretário-geral da aliança aos jornalistas, exemplificando com a presença na Turquia. Um dos desafios da organização, criada em 1949 e da qual Portugal é fundador, passa por convencer os membros a gastar pelo menos 2% do PIB em defesa – uma meta sujeita a forte erosão durante a crise da dívida soberana. “Há sinais encorajadores. Este ano cinco aliados – Reino Unido, Polónia, Estónia, Grécia e EUA – devem gastar 2% do PIB em defesa. E doze aliados devem gastar mais na rubrica em percentagem do PIB”, explicou Oana Lungescu, porta-voz da aliança ao Diário Económico, antes de acrescentar: “Se queremos segurança, temos de gastar mais em defesa”.

O exercício militar Trident Juncture, onde esteve o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva – que não falou aos jornalistas - é o maior da década realizado pela Aliança Atlântica e contou com a participação de mais de 36 mil militares, de 30 países, com mais de 140 aviões e 60 navios. Portugal foi um dos países que recebeu este exercício, além de Espanha e Itália. O exercício decorre desde 19 de Outubro no flanco sul da Europa e termina hoje, depois de demonstrações nos três países anfitriões. A participação de Portugal mostra, segundo Jens Stolenberg, “o compromisso de Portugal em manter a NATO forte”.

“Portugal continuará a desempenhar um papel proactivo no seio da aliança e a contribuir para a segurança. Esta é uma matéria de Estado, um dos pilares da nossa democracia”, afirmou Aguiar-Branco na sua intervenção. À margem do exercício, questionado pelos jornalistas, frisou acreditar que Portugal se vai manter na NATO, mesmo que a instabilidade política leve o PS ao Governo. “O PS é respeitador da sua história e a sua história é de defesa do valor da NATO”, lembrou, referindo que foi o Bloco de Esquerda e o PCP que se “auto-excluíram da NATO”. A aliança prefere ficar fora da polémica. “Não interferimos na política doméstica portuguesa. A NATO é uma aliança de 28 democracias e com governos de diferentes cores do espectro político”, disse a porta-voz da aliança ao Diário Económico.

O exercício de ontem contou com três demonstrações: uma operação de protecção costeira, uma intervenção da equipa NBQR (nuclear, biológico, químico e radiológico) e um desembarque anfíbio, onde estiveram envolvidos 68 navios, nove submarinos e cerca de três mil marines. Serviu também, disse o ministro, para certificar uma fragata e seis F16 da Força Aérea para a Força de Resposta da NATO (NRF), que estará operacional em 2016, onde Portugal também vai participar. (Económico)

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