30 de julho de 2015

F-35 prepara-se para receber a luz verde do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA

Três anos depois do previsto e com uma gigantesca derrapagem orçamental, o F-35 prepara-se para receber a luz verde do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Os Marines serão os primeiros a aprovar o novíssimo avião das Forças Armadas norte-americanas: preparado, nomeadamente, para descolar na vertical e não ser detectado por radares. Mas no gigantesco programa norte-americano, nem tudo são rosas. O atraso, os custos e os problemas técnicos continuam a obstruir a descolagem do F-35.

O F-35, ou Joint Strike Fighter, está (quase) pronto para descolar. Depois de mais de 15 anos de trabalho, o novo jacto deverá revolucionar o combate aéreo norte-americano. O aparelho é apresentado como o mais letal e versátil avião da era moderna. O Joint Strike Fighter é capaz de descolar na vertical, atingir velocidades superiores a 1.900 quilómetros por hora e voar a uma altura superior a 50 mil pés (cerca de 15 quilómetros).

O aparelho, aponta a CNN, está habilitado para combates ar - ar e ar - terra, bem como para missões de reconhecimento do território e vigilância. O avião permite ainda a partilha imediata de informações entre pilotos e chefias, sendo mesmo capaz de entrar em território inimigo sem ser detectado pelos radares. Como suplemento, os pilotos do F-35 usarão um capacete especial que confere uma visão de 360 graus ao piloto. Só o capacete custa 400 mil dólares.

O F-35 será adaptado para diferentes corpos das Forças Armadas: fuzileiros, marinha e força aérea. A versão dos fuzileiros será a primeira a ser aprovada que, mesmo assim, não deverá ser utilizada em situações de combate nos próximos anos. “O F-35 tratará uma capacidade revolucionária aos EUA e aos seus aliados para as próximas décadas”, afiança a empresa responsável pelo aparelho. Num projecto desta envergadura, nem tudo é positivo. A começar pelo preço. Cada avião custará aos cofres norte-americanos 159 milhões de dólares (cerca de 143 milhões de euros). Ao todo, os Estados Unidos vão investir 400 mil milhões de dólares para adquirir 2457 Joint Strike Fighters – cerca do dobro do Produto Interno Bruto português.

O valor é quase o dobro do inicialmente previsto, face à enorme derrapagem orçamental. Os custos não acabam aqui. Para assegurar a manutenção e operação da frota, o Pentágono vai investir um bilião de dólares (mais de 900 mil milhões de euros). Mas, face às derrapagens e problemas já conhecidos, o custo poderá ser superior. Atrasos, custos e problemas técnicos O programa tem tanto de megalómano como de controverso, não fosse o F-35 a mais cara arma de sempre da história mundial. Apesar dos custos, os problemas têm sido mais do que muitos e têm afectado quase todos os componentes do aparelho.

Dificuldades no quadro, fuselagem, motores, software e sistemas de armas têm sido noticiados. Em 2014, um incêndio num motor fez com que toda a frota ficasse em terra. Aliás, são todos estes problemas que têm atrasado o programa e aumentado os seus custos.

“No melhor dos casos”, quando for decretado que o F-35 está pronto para entrar em funcionamento “estaremos a lançar um avião instável que não poderá realizar muitas das suas principais missões durante vários anos”, aponta a deputada democrata Jackie Speier.

“No pior dos casos, irá magoar pessoas ou teremos de os guardar no hangar e gastar milhares de milhões de dólares para os reajustar”, agudiza a deputada democrata.

O mais duro golpe ao programa chegou em Junho deste ano. O site War is Boring publicou excertos de um relatório que coloca o F-35 em desvantagem face ao tradicional F-16 no combate aéreo de proximidade.

Refere o relatório que o F-35 apresenta dificuldades em mudar de direcção com a rapidez necessária para atingir o inimigo ou para escapar de um ataque rival. Por isso mesmo, o F-35 ficaria em desvantagem no chamado dogfight, o combate aéreo em que os aparelhos se encontram a poucas dezenas de metros de distância.

Em sua defesa, a Lockheed Martin, empresa responsável pelos F-35, garantiu que o aparelho usado naquele exercício não estava equipado com o software e o equipamento mais actual e que estava já a ser incorporado na produção dos aparelhos. Os F-35 “estão concebidos para comprometer, atirar e matar os seus inimigos a uma longa distância”, apontou ainda a Lockheed Martin, passando a enumerar um conjunto de situações em que o avião venceu os F-16 nos simuladores.

“Ninguém está a declarar vitória”, garantiu o porta-voz da Lockheed Martin, sublinhando que há ainda muitos testes e alterações que devem ser realizadas. Apesar disso, mantém a confiança no aparelho. “Não estamos a construir este avião para participar em shows aéreos e tirar fotografias. Está a ser construído para defender os Estados Unidos e os seus aliados, se necessário”, afiançando que o F-35 “mudará a forma como iremos combater em guerras futuras”. Para além dos Estados Unidos, Reino Unido, Turquia, Austrália e Itália tencionam adquirir o aparelho. (RTP)

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