23 de outubro de 2014

Portugal disponível para ajudar a vender o KC-390

Portugal poderá ajudar a companhia brasileira Embraer a 'vender' o seu cargueiro militar KC-390 a outros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), admitiu, terça-feira (21), o ministro português da Defesa, José Pedro Aguiar Branco.

Aguiar Branco falava à margem da cerimónia de apresentação do KC-390 que decorreu nas fábricas da Embraer em Gavião Peixoto, Brasil, onde está a ser construído o aparelho.

Fazem parte da CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

"O facto de participarmos no projecto da construção e concepção do avião coloca-nos como um país de ponta na indústria aeronáutica", disse o ministro citado pelo diário 'Económico',

Questionado sobre se Portugal poderia ser uma forma da Embraer chegar a outros países, nomeadamente em África, o ministro considerou que 'temos visibilidade a nível da NATO (Tratado do Atlântico Norte) e com quem temos relações bilateriais. É um porta-bandeira. Se concretizarmos todos estes objectivos, acho que sim'.

'Este é um projecto conjunto com as indústrias de Defesa da Argentina, Portugal e República Checa', parceiros industriais da Embraer no projecto, afirmou Jackson Scheiner, presidente da Embraer Defesa e Segurança, na cerimónia de inauguração.

O ministro da Defesa português, José Pedro Aguiar-Branco, o ministro da Defesa argentino e o responsável da Força Aérea da República Checa estiveram presentes na cerimónia.

Parte dos componentes são construídos em Portugal, nas oficinas da OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal) e com cerca de 18 entidades associadas ao fornecimento de componentes, sob coordenação da EEA. A OGMA já arrancou também com os procedimentos para fazer manutenção destes aviões.

A Embraer conta ainda com duas fábricas em Évora, onde são construídos componentes para os jactos Legacy e E-Jets e onde também são construídos alguns componentes para este cargueiro.

Rodrigo Rosa, presidente da OGMA é citado pelo diário 'Público' a dizer que a participação no projecto do KC-390 está a dar um forte impulso à área de fabrico da OGMA.

Com uma história quase centenária (criada em 1918), a empresa sediada em Alverca, arredores de Lisboa, atravessou sérias dificuldades financeiras em meados da década passada, mas a venda de dois terços do capital aos brasileiros da Embraer, em 2005, trouxe-lhe estabilidade e abriu-lhe novas perspectivas. Entre elas destaca-se esta participação no projecto do KC-390.

Trata-se da primeira vez que uma empresa portuguesa se envolve desde o início no desenvolvimento e no fabrico de uma aeronave. A OGMA já investiu cerca de 35 milhões de euros e criou mais 180 postos de trabalho (assegura um total de 1566) para este projecto.

Os resultados só deverão surgir a partir de 2016, com o início da produção em série do novo KC-390. Tudo depende das encomendas que a Embraer venha a conseguir, mas a administração da OGMA acredita que este projecto vai contribuir decisivamente para que a empresa continue a crescer.

De acordo com a parceria estabelecida com a Embraer no final de 2011, a OGMA é responsável pelo desenvolvimento e fabrico da fuselagem central do KC-390 e dos sponsons direito e esquerdo (conjuntos em material compósito e ligas metálicas com cerca de 12 metros que compõem a carenagem do trem de aterragem). A empresa de Alverca fabrica, ainda, os lemes de profundidade.

Rodrigo Rosa disse que "a manutenção continua a ser a principal área de actividade" da empresa, embora agora, com o avanço do projecto do KC-390, a área de aero-estruturas (fabrico) tenha "cada vez mais participação no volume de negócios" (20 por cento) da empresa.

A OGMA entregou, no primeiro semestre deste ano, as fuselagens para os primeiros dois KC-390, que estão em fase final de montagem no Brasil. "A produção em série começa apenas em 2016. Temos que esperar pela homologação e certificação da aeronave para, aí sim, planear a produção seriada, que vai depender da quantidade de aeronaves que a Embraer venda", frisou Rodrigo Rosa, explicando que as encomendas também vão determinar a eventual criação de mais postos de trabalho.

Para já, a empresa vai continuar a preparar-se para este desafio e na nave de fabrico já decorrem, também, trabalhos para acolher uma enorme rebitadora automática, que deverá ser instalada no primeiro semestre de 2015.

"Hoje nós participamos no processo de desenvolvimento e de certificação do KC-390. Com a produção seriada haverá um ritmo de produção mais cadenciado e vai haver um aumento do volume de negócios", prevê Rodrigo Rosa, que gostaria de ter mais fornecedores portugueses para este projecto, mas que admite que o mercado nacional de fabrico de componentes para a aeronáutica pouco tem evoluído nos últimos anos, obrigando a importar parte significativa dos materiais. (Portugal Digital)

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