3 de abril de 2014

Adriano Moreira O país "está em dívida" para com os ex-combatentes

Numa altura em que se celebram os 40 anos do 25 de Abril, "esse tributo devia ser pago", não com "comiseração", mas com "solidariedade e afecto", defendeu o ex-ministro do Ultramar do Estado Novo (1961-1963), em entrevista à agência Lusa.

"Não temos tratado desse aspecto, a meu ver, com a tal comunhão de afectos, que tem de ser mais forte nestas circunstâncias", sustentou.

"Era necessário corresponder ao sacrifício que [os combatentes] fizeram e que marca para toda a vida", afirmou, criticando o "esquecimento" do Estado.

"Estamos em dívida", reconheceu, citando o padre António Vieira, para dizer: "Nós cumprimos o nosso dever e a pátria faz o que é costume, é assim que se pode resumir a posição em relação a esses antigos combatentes."


O 25 de Abril, destacou, "teve aspectos positivos importantes" e o progresso do país tem sido, "em muitos aspectos, inegável". Porém, "há alguns elementos" em que se atingiu "uma qualidade importante, que estão a ser degradados", alerta.

Independentemente dos "sacrifícios" que fosse necessário fazer, Adriano Moreria lamentou que a revolução não tenha sido acompanhada por "um plano de descolonização", que fez "absolutamente" falta.

Adriano Moreira está convencido de que os políticos da altura fizeram "um esforço enorme", mas "estavam a lutar contra factos que sempre os ultrapassaram", o que dificultou "a intervenção positiva no processo de descolonização".

Isso explica, em certa medida, "as consequências internas em muitos territórios" entretanto tornados independentes, que vão desde "a vida difícil" da Guiné-Bissau, num extremo, ao "caso excecionalíssimo" de Cabo Verde, "a única província de que não houve retornados", no outro extremo.

Os portugueses daquilo a que se chamava a metrópole deram "provas de um civismo extraordinário" na recepção àqueles que vieram das ex-colónias a seguir ao 25 de Abril.

"Veja a maneira como foram recebidos os chamados retornados, como se integraram na vida portuguesa, como ajudaram a mudar a vida portuguesa, a capacidade de iniciativa, tendo perdido tudo, até provavelmente a esperança de futuro que tinham tiveram que organizar outro", recordou.

"Naturalmente, ninguém esquece mudanças de vida desta natureza", mas "as violências foram mínimas", apesar de ter sido "um momento" de "definição da nação", frisou. (Notícias Minuto)

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